30 de agosto de 2007


O texto que se segue é nada mais nada menos que uma redacção feita por uma aluna de Letras, que obteve a vitória num concurso interno promovido pelo professor da cadeira de Gramática Portuguesa. Nao sei bem o que devo pensar, justamente agora que estou fresquinho de o ler. Nao sei se a devo definir como uma alegoria à estupidez, uma metonimia à superficialidade criativa ou mesmo um clímace de chorrilhos indefinidos de pensamento brancos... É ler, para crer, ou nao crer...

Era a terceira vez que aquele substantivo e aquele artigo se encontravam no elevador.
Um substantivo masculino, com aspecto plural e alguns anos bem vividos pelas preposições da vida. O artigo, era bem definido, feminino, singular. Ela era ainda novinha, mas com um maravilhoso predicado nominal. Era ingénua, silábica, um pouco átona, um pouco ao contrário dele, que era um sujeito oculto, com todos os vícios de linguagem, fanático por leituras e filmes ortográficos.
O substantivo até gostou daquela situação; os dois, sozinhos, naquele lugar sem ninguém a ver nem ouvir. E sem perder a oportunidade, começou a insinuar-se, a perguntar, conversar. O artigo feminino deixou as reticências de lado e permitiu-lhe esse pequeno índice.
De repente, o elevador pára, só com os dois lá dentro.
Óptimo, pensou o substantivo; mais um bom motivo para provocar alguns sinónimos. Pouco tempo depois, já estavam bem entre parênteses, quando o elevador recomeçou a movimentar-se. Só que em vez de descer, sobe e pára exactamente no andar do substantivo. Ele usou de toda a sua flexão verbal, e entrou com ela no seu aposento.Ligou o fonema e ficaram alguns instantes em silêncio, ouvindo uma fonética clássica, suave e relaxante. Prepararam uma sintaxe dupla para ele e um hiato com gelo para ela.
Ficaram a conversar, sentados num vocativo, quando ele recomeçou a insinuar-se. Ela foi deixando, ele foi usando o seu forte adjunto adverbial, e rapidamente chegaram a um imperativo.
Todos os vocábulos diziam que iriam terminar num transitivo directo.
Começaram a aproximar-se, ela tremendo de vocabulário e ele sentindo o seu ditongo crescente. Abraçaram-se, numa pontuação tão minúscula, que nem um período simples, passaria entre os dois.
Estavam nessa ênclise quando ela confessou que ainda era vírgula.
Ele não perdeu o ritmo e sugeriu-lhe que ela lhe soletrasse no seu apóstrofo. É claro que ela se deixou levar por essas palavras, pois estava totalmente oxítona às vontades dele e foram para o comum de dois géneros.
Ela, totalmente voz passiva. Ele, completamente voz activa. Entre beijos, carícias, parónimos e substantivos, ele foi avançando cada vez mais.
Ficaram uns minutos nessa próclise e ele, com todo o seu predicativo do objecto, tomava a iniciativa. Estavam assim, na posição de primeira e segunda pessoas do singular.
Ela era um perfeito agente da passiva; ele todo paroxítono, sentindo o pronome do seu grande travessão forçando aquele hífen ainda singular.
Nisto a porta abriu-se repentinamente.
Era o verbo auxiliar do edifício. Ele tinha percebido tudo e entrou logo a dar conjunções e adjectivos aos dois, os quais se encolheram gramaticalmente, cheios de preposições, locuções e exclamativas.
Mas, ao ver aquele corpo jovem, numa acentuação tónica, ou melhor, subtónica, o verbo auxiliar logo diminuiu os seus advérbios e declarou a sua vontade de se tornar particípio na história. Os dois olharam-se; e viram que isso era preferível, a uma metáfora por todo o edifício.
Que loucura, meu Deus!
Aquilo não era nem comparativo. Era um superlativo absoluto. Foi-se aproximando dos dois, com aquela coisa maiúscula, com aquele predicativo do sujeito apontado aos seus objectos. Foi-se chegando cada vez mais perto, comparando o ditongo do substantivo ao seu tritongo e propondo claramente uma mesóclise-a-trois.
Só que, as condições eram estas:
Enquanto abusava de um ditongo nasal, penetraria no gerúndio do substantivo e culminaria com um complemento verbal no artigo feminino.O substantivo, vendo que poderia transformar-se num artigo indefinido depois dessa situação e pensando no seu infinitivo, resolveu colocar um ponto final na história. Agarrou o verbo auxiliar pelo seu conectivo, atirou-o pela janela e voltou ao seu trema, cada vez mais fiel à língua portuguesa, com o artigo feminino colocado em conjunção coordenativa conclusiva.


Fernanda Braga da Cruz

28 de agosto de 2007



Deus escreve direito por linhas tortas


Edward Murphy disse uma vez que "Se há duas ou mais formas de fazer alguma coisa e uma das formas resultar em catástrofe, então alguém a fará", que resumidamente pode-se dizer que se alguma coisa pode dar errado, dará. A verdade é que eu de crente nao tenho muita coisa para além da massa encefálica mas ultimamente tenho razoes fortes para acreditar que certos acontecimentos me sucedem porque ou eu sou o que faz a lei de Murphy acontecer aos outros, ou entao a lei de Murphy acontece-me sucessivamente, mas no sentido de que se alguma coisa pode dar certo, dará.

Se calhar é um bom sentido de oportunidade ou entao o facto de estar no sítio certo à hora certa, mas nos últimos anos passam-me coisas bonitas e eu hoje ponho-me a pensar nelas.

A começar por tudo o que já nao é de agora, das últimas vem a velha que me quis enganar entre outras coisas e queria fazer-me pagar 22eur um trapo ecológico. Moral da história, fugiram-lhe dois gatos persas carissímos, ficou sem inquilino (que sou eu, porque nunca na minha vida admitiria que uma situaçao desta passasse incólume) e ficou sem pano ecológico. Eu por outro lado vou viver mesmo ao lado do Parc Guell e quando aceitei alugar um quarto por 350eur (que já é um bom preço para a zona), nao é que me ligam no dia seguinte a dizer que afinal é só 300 eur, assim o Murphy fez-me um negócio da china sem saber.

Passou-me também uma coisa engraçada com o carro no outro dia, em que eu na minha ingenuídade deixei o carro toda a noite mal estacionado, porque de noite uma das faixas de rodagem passam a ser estacionamento mas eu nao sabia, e com uma pontualidade inglesa no outro dia pela manha cheguei junto do veículo que já estava em cima do reboque e a 1 minuto de ir dar uma volta até ao ayuntamiento de bcn. Nao é que onde costumam estar 200 carros, estavam apenas 2 e com uma grande caga o meu boguinhas teve salvaçao imediata, foi só dizer ao gajos com um sorriso nos lábios "Opa, baixem lá o carro do reboque, que eu tenho de ir para o trabalho", e eles baixaram sem contestar. Quando saí começaram a rebocar o carro da frente.

Enfim acho que tenho uma pontinha de sorte, mas acima de tudo penso que prevalece a minha confiança que a lei de Murphy, tem de sair na rifa de outro gajo qualquer.



19 de agosto de 2007












Palavras para quê? Ontem fiz 25 anos, hoje estou de ressaca e amanha tenho que ir trabalhar :P
Obrigado pessoal, pela vossa presença, pela distância (que parece tao perto), pela vossa dedicaçao e por me fazerem sentir feliz...







18 de agosto de 2007


Parabéns para mim :P

14 de agosto de 2007

O pano ecológico
A história que se segue não sei bem se é para rir ou para chorar, mas eu vou dar o meu melhor para contar-la da melhor forma sem soltar um grito e sem partir nada...
Um destes dias estava eu nas minhas tarefas de limpeza da casa (que me toca de 15 em 15 dias) e posteriormente a limpar a casa de banho, o quarto e a sala, fui limpar a cozinha que fica sempre para o fim porque dá mais trabalho. Todos nós temos um pano no lava loiça. Há gente que usa panos comprados nas lojas dos chineses, há gente que usa panos XPTO cheios de truques e há ainda gente que usa restos de roupa velha, cuecas inclusivé. Mas pelo planeta e contra o aquecimento global (ou não...) cá em casa a gente usa panos ecológicos.
Se me perguntassem antes de que se tratava eu não saberia explicar, se me perguntarem agora, não tenho a minima ideia, mas que é algo importante...deve ser...
Continuando na limpeza, estava eu a tirar o merdum do fogão, do balcão, e todos os sítios onde há merdum na cozinha, com um magnífico, supra sumo e vermelho pano ecológico, que cheirava mal que se farta, aquele cheiro á merda toda que a gente limpa num mês na cozinha, que se impregna e não sai com nada. Eu que até sou bom rapaz, abri a torneira da água quente, enchi o lava loiças coloquei detergente e deixei o pano a marinar, a ver se o cheiro saía. Como há merda que já não sai de jeito nenhum, meti a merda do pano no lixo (que diga-se de passagem é onde pertencia) e coloquei no seu lugar um novinho em folha.

Nisto passaram dois ou três dias quando numa bela tarde me aparece aqui a velha carcaça da mãe da minha senhoria (porque para quem não sabe a filha, que vive aqui também, está em França e a velha é que vem cá buscar dinheiro e cagar postas de pescada sobre tudo o que eu e a minha flat mate fazemos ou deixamos de fazer).

A coisa mais amorosa que têm as velhas como esta é a camada de base e laca que põem para parecerem que têm 20 anos e são um amor de pessoas...

Vai a velha e pergunta-me pelo pano da cozinha vermelho, ao que eu com a minha ingenuidade de moço de 24 anos respondi que foi para o lixo porque cheirava mal, e que pus um novo no seu lugar (para ela ver que até não sou desleixado com a casa). Escandalizada, xingou-me porque o pano era um pano ecológico, carissímo e que devia ferver com água para tirar o cheiro. Eu contra argumentei, para não ferir os sentimentos da velhinha e com delizadeza, que lamentava muito, que não sabia e que ela comprasse outro que eu lhe pagava o pano, e ponto, pus uma pedra no assunto.

Esta noite, passadas mais de duas semanas, liga-me a bruxa cá para casa a dizer que já comprou o pano...
22

Mas há gente estúpida neste mundo... Das duas uma, ou a gaja não me conhece e está a tentar vender um porco a um judeu, ou então é burra que se farta e dá 20 e tal euros por um pano quando podia comprar uma camisa para o marido, um cachecol para a filha, ou quatro pacotes de aspirinas e tomáva-as com gin...

Faço um apelo a toda a gente que lê este blog, quem se interessa por ecologia, quem tem alguma informação sobre alguma nova tecnologia que me está a escapar. Ajudem aqui o rapaz a descobrir o que realmente é um pano ecológico, onde se vende, quem os fabrica, algo que desvende o mistério de 22 eur, por uma merda de um pano...
Se estes panos são de espanha e os espanhois limpam a cozinha com notas de 20 eur, eu cá sou de Alfornelos e na minha terra luxo, luxo é limpar o cú com uma nota de 50...


5 de agosto de 2007








Um barbecue á la francaise numa noite bestial em Barcelona, onde a única coisa que derreteu foi um queijo Roquefort e um pouco do meu figado :P
Agora é domingo e tenho mais uma semana de trabalho a bater-me à porta, pois porque aqui o neguinho só tem férias de FDS, nao é como certas e determinadas pessoas...




1 de agosto de 2007

...Uma musiquinha pra maxucar os coraçoes...

A título de curiosidade, hoje reparei que faz um mês que estas sao as coisas que mais digo todos os dias:

1-"Amanha vou-me deitar mais cedo"

2 - "Amanha nao vou ouvir Chico Buarque"

3-"Amanha é que vou limapr o meu quarto"

4-"Amanha tenho que fazer a cama de lavado"

5-"Com esta vida de cao, nao tenho tempo nem pra coçar os tomates"