31 de octubre de 2007

Saga Marroqui
Dia III


Acordámos uma tanto quanto ensonados porque o sol no Sahara nasce por volta das 7h00. Nao que eu tivesse olhado para o relógio, porque na verdade nem vi as horas quando nos deitámos, nem as vi quanto nos levantámos. Esta foi uma informaçao que obti mais tarde de um Azizi com um turbante branco de 6 metros, que era mulsumano e me dizia que os portugueses todos que passavam por ali eram party people, que gostam de bebr cervejas.
Quando saímos da tenda estava uma claridade intensa, mas o sol ainda nao tinha aparecido. Ao longe vimos o nosso guia a apagar a fogueira que manteve acessa toda a noite, isto porque o gajo era muito enghraçado e dormiu ao relento com uma tenda livre só para ele, enfim…
Precipitámo-nos a subir ao topo de uma das dunas mais altas que havia em redor, sentámo-nos completamente ofegantes da subida abrupta e olhámos para este. O dia nao tardou em nacer e quem aprecia momentos mágicos, seguramente nao esquece um nascer do sol no deserto. As sombras que nascem das dunas, o horizonte a perder de vista, os nossos camelos á solta pela grandeza das contruçoes naturais do vento e uma garrafa cheia de areia do Sahara para trazer de recuerdo de volta a casa, foram as résteas de uma estadia curta neste deserto marroquino.
Ficámos por ali algum tempo, o suficiente até nos dar fome e vermos ao longe o nosso guia acenando para voltarmos para baixo.
Estava aquecendo água para chá, numa pequena fogueira impovovisada dentro de uma lata. Enquanto isso deu-nos alguns bocados de pao e queijo, preparando ao mesmo tempo chá para cada um de nós. Foi um pequeño almoço do cacete, estava-se bem, mas era hora de voltar à estrada.
A viagem de volta foi um pouco parnasianista, bateu uma saudade súbita de tudo, terminou em nostalgia. Quase nao falámos durante a viagem pelas dunas, ía-mos ambos compenetrados. Apenas nos interrompeu o nosso guia que repentinamente parou os camelos, ajoelhou-se no chao e começou a mijar mesmo ali diante de nós. Como estava de costas nao deu bem para ver o que fazia mas pelo que nos pareceu á falta de papel higienico, ele limpou-se com areia… Ganda maluco!!
De volta à estância enquanto bebiamos um chá de menta e conversa puxa conversa, o Youseph convenceu-me a ir à sua Loja de tapetes e que levasse a garrafa de Wishky para fazer negócio. Nao sei quanto tempo estivémos ali, mas o que é certo é que vim de lá contentísimo com as minhas carpetes berberes, e fiz um grande negócio com a farrafinha de Wishky.
O resto do dia foi passado no vale do Draa a caminho de Ouarzazate. Draa em marroquino significa Rio, e este vale é mesmo isso um rio… de palmeiras. Juro que nunca vi tanta palmeira junta, uma autêntica floresta destas árvores.
No caminho ainda tivémos tempo para nos regalarmos com um soberbo couscous de poullet em Zagora e vegetar por duas horas num restaurante pijo com um montao de almofadas.
Chegámos a Ouarzazate já quase de noite. Enquanto a Nice esperava no carro eu fui ver se arranjava um hotel. No caminho uma figura tentou abordar-me bruscamente, ao que eu me esquivei sem dirigir palabra. Quando voltei pro carro já com um cuarto alugado, essa figura de turbante azul e óculos abordou-me outra vez e perguntou-me mal educadamente se eu tinha alguma coisa contra os marroquinos, para os ignorar. Eu na minha boa vontade nao quis ser bruto e disse que nao tinha nada contra aliás até os achava simpáticos, ams a forma como eles abordavam as pessoas deixava muito a desejar. Acabou a tentar-me vender viagens no deserto, e mais um pouco de conversa descobri que era irmao do tal Moustapha. Ficámos logo amigos.
Depois de nos instalarmos, sáimos para jantar. Claro que os dois irmaos estavam por ali e sem demora levaram-nos ao pequeño souk (mercado) que existe em Ouarzazate à Loja do seu pai. Tive de prometer que ia no dia seguinte comprar qq coisa porque estavámos estáfados. Fomos indicados por eles a um restaurante com terraço, que tinha uma vista agradavel e boa comida. Fomos dormir completamente satisfeitos, mais um dia do camandro nestas terras africanas…


























25 de octubre de 2007

Saga Marroqui
Dia II
O dia amanheceu muito mais cedo do que estávamos habituados. A noite anterior foi muito tranquila porque estávamos derrotados do primeiro dia de viagem e dormimos como dois bebés. Tomámos um pequeño almoço relativamente gostosao e despedimo-nos do nosso anfitriao Hamid um pouco desconfiados porque ele insitia na viagem ao deserto e no seu amigo de Ouarzazate. Seguimos para essa pequena cidade que fica apenas a 30km e sem intençao de busca, encontrámos um estudio de cinema que pertence ao Produtor de cinema italiano Dino de Laurentiis (pai de Hannibal Lecter). Neste estudio foram filmados e trabalhados filmes como: Lawrence of Arabia, Tea in Sahara, Black Hawk Down, Kundum, Gladiator, Cleopatra, The Mummy I e II, Alexander the Great, Kingdom of Heaven, Sahara, Troy, Hidalgo e mais recentemente Babel. Dentro dos pavilhoes existe uma pequena exposiçao dos adressos originais utilizados nalguns destes filmes, nomeadamente Gladiator e Cleopatra.
Finalmente entrámos en Ouarzazate. Por casualidade estacionamos em frente da Loja de viagens da familia Azizi e sem intençao de negociar nenhuma volta pelo deserto quando estávamos a mais de 250km do Sahara, tivémos a coincidencia de nos cruzar com o tal Moustapha que estava à “coca” a ver se via “la voiture petit avec les touristes du portugal”. Tive que negociar com o amigo do Hamid, o que à partida nao tinha muita conversa nao ia pagar muito dinheiro pela viagem no deserto. Consegui por 750DH para os dois uma noite no Sahara com Jantar, Pequeno almoço, dormida e viagem de Camelo e guarda bagagem na estancia. Como tinhamos que estar lá pelas 16h00 apressámo-nos e fizémos a viagem directa até ao deserto, sem parar pelo caminho. Bem de verdade parámos apenas para comprar turbantes numa terra com um nome que nem me lembro em que e o senhor da loja muito simpático e de seu nome também Moustapha, disse-me para quando voltasse do deserto que trocaria jóias e artigos do seu negócio por medicamentos, Wishky, ou mesmo roupa. O certo é que nao o voltei a ver, acabei por trazer toda a roupa que tinha levado para trocar de volta a BCN, e a garrafa de Wishky ficou no deserto…
Chegámos ao Oasis onde estava a estância turística a uns 4km de M’hamid por volta das 16h00. Encontrámos alguns turistas e fomos recebidos pelo local’s entre os quais um tal Yoseph que nos guardou as malas e nos serviu um chá de menta enquanto preparavam os camelos que nos levariam ao Sahara. Conversa puxa conversa e descobri que eles tinham um certo agrado pela música, o que resultou num intercâmbio musical. Eu com a minha costeleta brasileira, nao pude deixar de tocar uns sambas e com agrado escutámos alguns temas bérberes alguns tocados com uma espécie de guitarra local feita de madeira e pele, com três cordas, sem projecçao de som e muito engraçada.
Já ao final da tarde avisaram que os camelos estavam prontos e tudo em ordem para partir para o deserto.
O nosso guia era um negro bérbere de seu nome Faraji, que durante todo o caminho quase nao falou, nem conosco nem com os camelos.
O meu camelo era um pouco mais jovem que o camelo da Nice, digo isto pelo aspecto que tinha e porque era muito refilao e durante todo o caminho nao parou de emitir gruñidos, ou entao porque se queria queixar da besta de 91kg (diga-se eu) que lhe puseram em cima…
Estar no deserto para mim é algo inexplicavel. Em primeiro lugar as cores que se geram e as texturas que se vêem com os diferentes ángulos do sol sobre as dunas, para nao falar na suavidade da areia e nas brisas quentes que voam sobre nós. Em segundo porque é algo muito exótico por todos os elementos circundantes que nos abraçam.
Depois de 1h30 de viagem chegámos ao acampamento. O pôr do sol já se tinha consumado e foi bem apreciado de cima dos camelos. Foi tao bem apreciado que na manha seguinte nao tinhamos bateria nas máquinas fotográficas… O Faraji ajudou-nos a baixar dos camelos e indicou-nos a nossa tenda sem porta e feita de um pano muito grosso e castanho escuro com chao de areira, era uma tenda muito Alibábá e 40 ladroes.
Nao tardou a ficar escuro e fomos para dentro ajudar o Faraji a prepara um tagine de oblea. Eu como bom ayudante que sou descasquei batatas, censuras, cebolas e o Faraji ia-me ensinando a receita numa linguagem francesa ainda pior que a minha e a Nice ia escrevendo a receita nos seu apontamentos. Devo dizer que foi o melhor Tagine que comi em Marrocos, bem regado com água mineral natural da garrafa de 1,5L que tinhamos e batido com melao e uvas.
Ao sair da tenda que servia de cozinha, depáramo-nos com outra recordaçao memoravel do Sahara – O Céu. É simplesmente inexplicable a imagen que vi, deitado na areia a fumar um cigarro com a minha menina abraçada a mim.
Por fim o sono tomou conta de nós e fomos para a nossa tenda. Nunca tinha apreciado igual tranquilidade, senti nessa noite o magnetismo que tanto havia escutado de África, um magnetismo que nos prende de verdade, uma calma inesquécivel…















24 de octubre de 2007

Saga Marroqui
Dia I

...De volta à minha pátria adoptada, sinto um calor que às vezes é arrepiante, sinto-me tranquilo mas ao mesmo tempo incerto. Sobrevivemos a Marrocos, estamos estafados, cansados, contentes e cheios de nostalgia de voltar à normalidade. Quem já viu nao esqueçe, quem já viveu recordará e quem já foi voltará seguramente… Durante esta aventura pelo norte de Africa, na companhia da minha querida Princesa Indígena, vi coisas que nao esperava, senti emoçoes que já nao pensava experimentar e tive momentos que nao poderei descrever e que sao só meus… Durante uma semana deambulámos pelo Sul de Marrocos, viajámos mais de 1500Km de carro e conhecemos uma grande parte desse país maravilhoso...
Barcelona, 20 de Octubre de 2007
....
Aterrámos no Aeroporto de Marrakech pelas 10h00. Esperava-nos um dia tanto tristonho que depressa se refez em calor e sol. Na saída do controle de passaportes trocámos euros por dirham, comprámos água e tabaco e fomos ver se alugávamos um carro. Comparado com os terminais do El Prat, o Aeroporto de Menara transparece um pouco do que é esse país a que chamam Marrocos, um labirinto de surpresas com um toque frágil de pobreza e falta de meios. Os balcoes das empresas de aluguer de viaturas estavam divididos por paredes imaginárias, identificando-se por autocolantes colados na parte frontal do pseudo-escritorio. Dirigimo-nos ao balcao e apesar de todos nos quererem alugar um carro, optámos por uma companhía de confiança e escolhemos a Europcar. Pela módica quantia de 2500DH fizémo-nos à estrada com um KIA Picantto novinho em folha com cerca de 20.000 km. Claro que o senhor que nos alugou o carro ficou bem servido, porque nós nem protestámos nem regateámos. Marrakech ficou espontáneamente para tras. Apenas cruzámos o bairro europeu e dirigimo-nos em direccçao ao Atlas, sem explorar o que seria o culminar da nossa viagem… Seguimos para Ait Benadhou. A estrada que segue para sul e cruza o Atlas eleva-se a quase 2400m proporcionando paisagens dignas de um filme de fantasia. Neste caminho pode-se ver cabras a pastar na serra, pueblos que saem de episódios da National Geographic, gente caminando nos lugares mais inóspitos e coisas escritas à bruta nas paredes das lojas no meio do nada, como por exemplo “Come and see my beautifull shop”. Devo referir que estava um pouco fresquinho lá pela montanha, mas que pela vista vale bem a pena. Ao final da tarde chegámos ao nosso destino, a aldeia de Ait Benadhou. Neste local foram filmados alguns filmes famosos, como o Gladiador, Laurence da Arábia, ou mesmo o Legionário. O cenário destas obras de cinema é um aglomerado de Kasbah (fortaleza bérbere antiga) nos quais Hollywood já investiu uns largos milhares de dólares (ou dirham :P) em restaurar. Conseguimos quarto por 110DH cada um num hotel com jantar e pequeno almoço incluídos, onde conhecemos um tal de Hamid, que nos deu uns conselhos uteis e nos impingiu a viagem de camelo pelo deserto. Encaminhou-nos para Ouarzazate, para falar com um tald e Moustapha. Jantámos um tagine especial “Galía” e tomámos o primeiro de muitos chás de menta…