4 de agosto de 2011

Contradições

Uma vez no café escutei dois jovens a conversarem, enquanto tomavam um café ao balcão:
- Um meu vizinho meu lá do prédio, que já está reformado, acabou-se de comprar um BMW modelo não sei das quantas, com não sei o quê topo de gama e coisas do estilo. E eu ando com este chaço velho a cair de podre. Porra pá, dá Deus nozes a quem não tem dentes. O velho qualquer dia espeta-se com a porcaria do carro porque o bote anda mais do que aquilo que o gajo pode controlar...

Dá Deus nozes a quem não tem dentes? Ou será que quem tem as nozes no bolso - fruto de uma vida de trabalho - é que perdeu os dentes com a idade? Seja como fôr, acho que é um propósito estranho (não generalizando mais do que a classe média, porque os ricos não contam) o de ser jovem e falido, mas velho e rico. Afinal neste mundo "it's all about the money". Uma pessoa mata-se a trabalhar uma vida inteira para começar de jovem, cheio de energia e capaz de comer o mundo, mas sem dinheiro, e acabar velho, com menos saúde que uma batata engelhada e o trabalho de uma vida repartidos numa conta bancária, numa casa e num carro.

Não sei se isto é linear e se vai levar a algum lugar, mas o que é certo é que as pessoas andam redondamente enganadas com as prioridades das suas vidas, tanto os velhos como os novos. Será que foi para isto que viemos ao mundo? Para estarmos preocupados constantemente com o que compramos ou deixamos de comprar? Ou será que ainda existe uma réstea de esperança e alguém pode encontrar felicidade sem ter de gastar dinheiro. No meu humilde ponto de vista, consumismo desenfreado, implica mais dinheiro, que por sua vez implica mais trabalho, que por sua vez implica menos tempo dedicado a viver. É tão simples mas no entanto parece tão complicado para a maioría das pessoas.

Se o mundo fosse um bocadinho mais como era antigamente, em que o Natal era para a família e não para as grandes superfícies comerciais, um carro era mais um meio de transporte, e não um pacote descartavél que se troca cada dois anos sendo apenas bom negócio para os bancos e empresas que se aproveitam disso, um lar era uma casa para toda a família e não um armazém de velhinhos sem saúde, talvez as pessoas se preocupassem mais com a sua vida e todo o potêncial que ela tem para ser vivida e deixassem de se iludir com as fantochadas que o sistema põe em cena para nós. Mas aparentemente este é o destino da humanidade e como qualquer destino (parece que) já está escrito...

Quem sou eu para contradizer o que já está escrito. A natureza é quem o escreveu, nós só estamos aqui para constatar os factos...

1 comentario:

Nice dijo...

Interesantisimo desvairamiento...

Mientras haya una persona en el mundo que piense lucidamente, la humanidad aún tiene esperanzas amor. Es la masa la que está perdida... los individuos especiales aún tienen chances de hacer un mundo mejor...