11 de octubre de 2008

Numa bifurcação, optar seguindo por um caminho...



... Significa perder o que se ganharia indo pelo outro. E vice-versa. Não existe nada mais dramático na vida, que ter que viver em função de escolhas que produzem acidez no peito, escolhas essas que são feitas em caminhos que se cruzam, nos quais não podemos parar mais nenhuma vez, porque existem tempos para parar, mas também existem tempos para avançar, e hoje o tempo não quer que eu pare...

Lembro-me perfeitamente do dia em que pisei pela primeira vez o chão de Barcelona, 4 de Fev. de 2006, era um Sábado de sol, que por sua vez era chovoso em Lisboa, qual cenário de emoções para uma mãe e uma avó a despedirem-se em lágrimas do chaval aventureiro que ia de Erasmus. Foram tempos bem passados aqui em BCN, foi o ínicio do fim, falando da vida bohemia...
Voltei a casa, mas voltei mudado (e ainda por cima de comboio porque perdi o avião), com o peso da "la movida loca" que a expriência em Barcelona deixou pegada em mim, com o peso da responsabilidade de não desiludir a ninguém nas minhas responsabilidades académicas e com o cheirinho de que uma nova etapa da vida estava a ponto de começar.
E assim foi, no dia 21 de Setembro de 2006, em plena visita dos meus amigos de Barcelona a Lisboa, fiz o meu último exame no Instituto Superior Técnico. Foi um momento bonito. Nunca mais na minha vida esquecerei os momentos que passei nas salas de Civil e no aquario, com os meus companheiros e amigos das noitadas de estudo, que por força de união sempre nos apoiámos entre todos e fizémos do estudo uma camaradagem...
Também não me esqueço que a pessoa que sou hoje, foi moldada em mim pelos meus irmãos da escola da vida e em todos os momentos lindos, loucos e inexplicáveis que passei no seio da Tuna Universitária do Instituto Superior Técnico. Nos últimos três meses que passei em Portugal vivi apenas dos meus amigos da Tuna e no bairro alto. Sabia, sem saber o que sentia, que os meus dias de titularidade em todos os momentos com eles, com a nossa música, com a minha Tuna, estavam a chegar ao fim da fase estudantil.
Com o curso terminado, tomei pardido da minha vida e decidi que queria ir para Espanha trabalhar, capricho ou não, assim foi.
No dia 1 de Janeiro de 2007, depois de uma passagem de ano em grande e em Sevilla, apanhei o comboio para Madrid. Não pude deixar de largar uma lágrima ao sentir tal aperto no peito quando me despedi do meu manolas, do meu primo e do Ramos, na estação de Sevilla e parti rumo á minha nova vida.
Foram tempos bons, foram tempos de reflexão e de aventura, de camaradagem com os meus amigos do técnico, exilados na mesma empresa. Quando terminou o estágio decidi que a vida estava incompleta, que não tinha o calor que encontrara um ano atrás em Barcelona, que o meu lugar não era em Valência, sim porque a odisseia começou em Madrid e terminou com uma trasnferência para Valência.
Decidi voltar à minha Barcelona e aqui estou desde então, com muitas viagens pelo meio, e muitas coisas novas. No meio da encruzilhada desta fase da vida, consegui muitas das coisas que queria. Tenho a namorada, companheira e amiga com que sempre sonhei e sou muito feliz com ela; tenho um emprego que adoro e que me completa, tenho muitos amigos (embora nos últimos meses, por força das circunstâncias momentaneas, não tenho sido muito presente nas minhas amizades, mas a vida é mesmo assim e só há que reestabelecer o que tem de ser reestabelecido...), enfm não me posso queixar, apesar de me faltar um pouco de paz interior, mas vou rumo a ela, e será a minha próxima víctima :P

Esta história toda para quê? Porque estou vivendo uma nova situação de mudança e apenas quero desabafar, nem que seja comigo mesmo, porque escrever neste blog sempre me ajudou muito.
Transferiram-me para uma obra muito grande a 120km de Barcelona, durante 18 meses, a qual me impossibilita de vir todos os dias a casa (na melhor das hipóteses um dia por semana sem contar com os fDS). É uma boa jogada na minha carreira, é um muito melhor ordenado aos meus 26 anos, o qual não contmplava ganhar com esta idade e tem muitas mais coisas boas. Mas como qualquer encruzilhada, tem algumas partes negativas que são o facto de não estar presente todos os dias na vida da pessoa que considero a minha única família em Barcelona, que é a Nice, o facto de ter de me sacrificar mais uma vez à incerteza de um espaço novo da minha vida e à consequente solidão diária de me ter que enfrentar sozinho às coisas que estou perdendo noutros lados, enfim...
Até agora a minha história é feita de escolhas, bifurcações perder num lado para ganhar no outro, estou sempre a favor do vento e do que o meu coração me diz, veremos onde me leva esta estrada...